sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Problemas de logística podem impedir crescimento do agronegócio

Alerta foi feito pelo vice-presidente da entidade, José Ramos Torres de Melo, em seminário na Câmara dos DeputadosO vice-presidente e diretor de logística da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Ramos Torres de Melo Filho, alertou para a estagnação do crescimento do agronegócio nos próximos anos se não houver melhoria das condições de logística e infraestrutura no País. Ao proferir palestra no II Seminário Portos e Vias Navegáveis: Um olhar sobre a infraestrutura, realizado nesta quinta-feira (22-9) na Câmara dos Deputados, ele defendeu maior agilidade por parte do poder público para permitir a ampliação da capacidade operacional dos portos, além de mais investimentos em rodovias, ferrovias e a integração entre os modais de transporte. “A verdade é que o Brasil vai parar para o agronegócio se o problema não for resolvido e teremos também um abortamento da produção porque o produtor não vai plantar se não tem por onde escoar sua safra até os portos”, disse.

Na sua avaliação, uma das soluções é investir nos portos do corredor do Arco Norte, para escoar a produção de estados das regiões Norte e Nordeste e de Mato Grosso. Nesta região estão portos como Itaqui (MA), Vila do Conde (PA), Santarém (PA) e Porto Velho (RO), entre outros. Segundo ele, há terminais com a mesma capacidade de 19 anos atrás para a movimentação de cargas de grãos, como Itaqui, e alguns portos sequer tem condições de exportar produtos importantes na pauta de exportações, como soja e milho. Com mais recursos da iniciativa privada e com a aceleração de editais para a construção de terminais de grãos permitindo a participação do setor privado e a livre competição, os portos do Arco Norte desafogariam a demanda de cargas que chega a portos como os de Santos (SP) e Paranaguá (PR), que hoje são os portos mais movimentados do País.

Mato Grosso e os estados das regiões Norte e Nordeste produzem hoje 52% do total de soja e milho no País. No entanto, apenas 16% são exportados pelo Arco Norte, restando 84% que são levados para os portos do Sul e do Sudeste, chegando a percorrer mais de dois mil quilômetros de estrada. “Isso mostra um pouco da realidade que enfrentamos fora da porteira”, afirmou Torres de Melo. O vice-presidente falou também da necessidade de mais hidrovias navegáveis para baratear o custo do frete no Brasil, pois este meio de transporte, ressaltou, é mais barato se comparado às rodovias e ferrovias, além de ser menos prejudicial ao meio ambiente. Contudo, segundo dados apresentados por ele, são utilizados no País apenas 13 mil de 56 quilômetros disponíveis de hidrovias. Ele criticou, ainda, o baixo volume de investimentos em infraestrutura no Brasil, que hoje equivalem a menos de 1% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto países como China e Tailândia destinam, respectivamente, 7,3% e 15,4% do PIB.

O seminário começou pela manhã e prosseguiu durante todo o dia, na Câmara dos Deputados. Participaram da cerimônia de abertura o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, o ministro da Secretaria Especial de Portos, Leônidas Menezes Cristino, o presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Infraestrutura Nacional, deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), o deputado Edinho Bez (PMDB-SC), coordenador do evento, o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), e o vice-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Meton Soares Júnior.

CNA